quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dia do Cronista

O cronista esportivo é o profissional que entra com a razão onde todo mundo entra com o coração: o mundo do esporte. Além de narrar jogos e provas esportivas, o cronista faz comentários racionais sobre a lógica do esporte. Imagine a dificuldade de fazer crônicas sobre o jogo final de uma decisão de Copa do Mundo quando o Brasil é um dos times?
O cronista visualiza, principalmente, o mundo do futebol. Muitas vezes, ele descreve uma jogada ou um gol com um lirismo digno de uma poesia, seja o gol de seu time ou do adversário. O cronista deve ser capaz de criticar e raciocinar em cima do jogo, dos atletas e até mesmo do técnico.
 O ataque dos japoneses a Pearl Harbor, em 7 de dezembro de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, recebeu intensa cobertura jornalística. Na época, os locutores esportivos eram considerados "jornalistas de segunda" nas redações e, por isso, um grupo de 42 jornalistas e locutores resolveu criar uma entidade que representasse a classe. Assim, no dia seguinte, foi fundada a Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo - Aceesp. O primeiro presidente foi Ary Silva, que na época tinha 23 anos de idade.


A vida de cronista esportivo é difícil e uma das suas funções é preservar a memória do esporte brasileiro. Está destinado a expor sua opinião ao julgamento dos leitores ou ouvintes, para glória ou desgraça de sua reputação presente e futura.
A crônica é um dos maiores charmes do jornalismo esportivo. Vive em transformar a arte do esporte criando uma linguagem diferente para analisar o que acontece dentro e fora dos espaços esportivos. Com raras exceções, em entrevistas, nas análises e nos comentários, notamos que o cronista esportivo usa termos impróprios e inadequados. Nos matutinos, não temos uma linguagem amena e divertida na secção esportiva, mas sim de guerrilha.
No final de 1992, cento e onze presos foram mortos na Casa de Detenção, em São Paulo, e os jornais qualificaram o episódio de massacre. Na mesma semana, um time amador de futebol ganhava de 15 a 0 do adversário. No título de chamada dos jornais a mesma palavra: "time massacra adversário".
A lista de termos de guerra, usado pelos cronistas esportivos é muito longa: ao invés de goleador, artilheiro; a trave ou o gol é o alvo; o chute é bomba, tiro ou petardo. Enquanto o campeonato, jogo ou torneio, é guerra, contenda e ainda a quadra esportiva ou o campo de futebol é chamado de arena.
O jogador não é inseguro, é covarde; ele não é ágil ou arisco, mas matador. Agora, o pior de tudo é que esses atributos são usados como positivos. Vamos então ao exemplo clássico de mais de meio século atrás. Trata-se do final da Copa do Mundo, onde o Uruguai venceu o Brasil, no Maracanã; até hoje, quando voltam a jogar o nome da partida é a vingança, usado em todas as crônicas esportivas. Até João Saldanha, numa de suas crônicas diz que um time fez "picadinho" de outro.
O esporte é um espetáculo, uma arte; é diversão e lazer. E hoje, um meio de integração, confraternização, e paz. As Federações dos Jogos Olímpicos Mundiais possuem mais membros do que a própria ONU. Todas estão envolvidas nesse movimento universal do uso do esporte como meio de promover a paz entre os povos.
Portanto, a participação do cronista esportivo é, e sempre será, essencial para que isso aconteça. Isso porque ele ingressa na profissão jovem com cerca de vinte anos onde fica até os oitenta anos ou mais. Ele não joga, mas viaja, hospeda-se nos mesmos hotéis e convive com os atletas profissionais ou amadores.
Por isso, terá toda a oportunidade e tempo para reverter essa situação como formador de opinião que é, auxiliando a resgatar os velhos valores para as crianças, jovens e para a sociedade em geral

Parabéns a todos os cronistas esportivos!!!